O poder dos soft skills: a moderação segundo Platão

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Platão, o antigo filósofo grego clássico, cujas idéias ainda são ensinadas e debatidas nas universidades de hoje, tem muito a dizer sobre a excelência humana. 

Na República, a obra mais conhecida de Platão e uma das obras de filosofia e teoria política mais influentes do mundo, ele explana as quatro virtudes cardeais da excelência humana como sendo: sabedoria, temperança, coragem e justiça, dizendo que eles refletem a verdadeira natureza da alma.

O tema de hoje são os soft skills e em particular a 3ª virtude cardeal: a temperança, ou moderação! Continue a ler…

Moderação

Sabe agir com moderação ou prudência? 

O moderado, ou prudente, é como um bom jogador de xadrez: antecipa a jogada do outro para que o planeamento da sua ação seja sempre a melhor possível. É a qualidade ou virtude de quem atua comedidamente, com cautela, sem a prática de exageros, permanecendo na medida certa.

É a virtude que protege e controla os excessos, alguém que é misericordioso, humilde, prudente e que tem consciência integral dos seus comportamentos, prevenindo ser arrogante, egoísta e outras características que envolvem esses excessos. Ter moderação é estar plenamente atento sobre as paixões, é ter sobriedade nas suas atitudes e decisões, é evitar os excessos nos apetites, desejos e vontades.

É o auto-controle, auto-domínio, renúncia, moderação.  Através dela ordenamos afetos, domesticamos os instintos, sublimamos as paixões, organizamos a sexualidade, moderamos os impulsos e apetites. 

A moderação abre o caminho para a continência, a castidade, a sobriedade e o desapego

É próprio desta virtude o cuidado connosco mesmo, com os outros e com a natureza, pois não permite que sejamos escravos, mas livres e libertadores, e encaminha-nos para o cumprimento dos deveres e para a maturidade humana. Sem renúncia não há maturidade. Grande fruto da renúncia é a alegria e a paz.

Nos nossos relacionamentos, precisamos exercitar o controle da língua. É uma tarefa árdua que exige vigilância constante. Em primeiro lugar, deve haver cuidado no falar, pois nem tudo deve ser falado e, muito menos, compartilhado com os outros. Comentários costumam transformar-se em intrigas, que podem destruir vidas. As calúnias e injúrias não devem fazer parte da vida de uma pessoa. Os meios de comunicação, em geral, vivem da venda de informações sobre a vida dos outros, refletindo a preferência da população. É incrível como muitos vivem preocupados com a vida do próximo, procurando apontar os defeitos dos outros, em vez de corrigirem os seus próprios defeitos! 

Além de cuidado com o que se fala, deve existir a honestidade no falar. Mas essa sinceridade deve ser acompanhada de misericórdia, de empatia, em vez de se tornar uma forma cruel de egoísmo para descarregar as frustrações nos outros. Esta virtude leva o corpo e os sentidos a encontrarem o justo lugar que lhes pertence dentro do organismo do ser humano e assim moderar a atração dos prazeres, visando ordenar o seu uso para o bem. Logo abaixo, seguem algumas dicas para sermos mais moderados e prudentes.

Dicas para ser mais moderado e prudente:

- Guardar os sentidos: tudo entra no nosso corpo pela porta dos sentidos. Se expomos os nossos sentidos à oferta de inúmeras desordens e excessos que o mundo oferece, rapidamente nos encontraremos a desejá-los. Guardar os nossos sentidos significa evitar consumir tudo aquilo (sejam imagens, leituras, músicas, etc) que podem gerar ou aumentar o desejo desordenado pelo consumo excessivo;

- Iluminar a inteligência: através da reflexão, vamos perceber que nem tudo o que desejamos é necessidade real, mas uma necessidade criada pela nossa cabeça. Reconhecendo isto, será mais fácil renunciar àquilo que é desnecessário e excessivo. Iluminamos a inteligência através de boas leituras ou formações, meditação, mindfulness, ou coisas do tipo, que nos aproximem da verdade;

- Contradizer a vontade: paradoxalmente, a vontade é fortalecida na medida em que é contrariada. À medida que a vontade é consentida, mais fraca se torna; e à medida que é contrariada, é fortalecida. É a lógica do hábito: se ela está acostumada a obter sempre aquilo que deseja, quando lhe for negado, reclamará até conseguir aquilo que deseja; mas se está acostumada a não receber certas coisas, então, quando a inteligência lhe negar algo, ela se submeterá sem grandes reclamações.

Pense duas vezes antes de dizer qualquer coisa

Somando-se a isso, administrar o tempo é um desafio do quotidiano. Ao lado da prudência, impõe-se o equilíbrio, tão importante nestes tempos agressivos. Não exagerar, não romper os limites de nossas identidades, desfrutar a liberdade, contentar-se com o estritamente necessário é uma ótima forma de aproveitá-lo.

O exagero é um defeito que pode corromper qualquer virtude. O amor à pátria, por exemplo, é uma qualidade, mas a estatolatria é um defeito. A justiça também é uma qualidade, mas o exagero pode transformá-la em dureza, e até em crueldade. E assim por diante.

Ora, a moderação também é uma qualidade. Logo, também pode ser deformada pelo exagero. Ser moderadamente moderado é bom. Ser exageradamente moderado é mau. A moderação é uma alta, uma altíssima virtude. Precisamente por isto, as suas deformações são muito perigosas. Em princípio, é muito importante conhecer os exageros da moderação, para os prevenir ou remediar.

Prudência envolve planeamento perspicaz e planeamento direcionado a curto prazo. É muitas vezes referida como sabedoria cautelosa, sabedoria prática e razão prática. Envolve controlar a impulsividade, ser ponderado, pensar antes de falar e agir para não se arrepender depois. Os pais desejam intensamente esta força para os filhos, já que estamos cercados por riscos e perigos. 

Desafio para os próximos 7 dias

Faça o exercício de pensar duas vezes antes de dizer qualquer coisa pelo menos dez vezes na semana e observe os seus efeitos, evitando todas as distrações externas antes de tomar as próximas três decisões importantes. Visualize mentalmente as consequências da sua próxima decisão em um, cinco ou dez anos.

É denominado de prudente absoluto, o homem que raciocina certo em relação ao bem viver. Para Tomás de Aquino, o conselho tem relação com o que fazemos, em intenção a algum fim. A prudência tem a sua sede nos sentidos internos e é aperfeiçoada pela memória e pela experiência, de modo a julgar as experiências particulares. Ela é responsável por constituir o meio-termo das paixões e dos atos, por isso o seu ato principal é a racionalidade aplicada nos atos.

Por fim, faz parte da prudência julgar e ordenar os meios em contribuição ao que é certo, dessa maneira, atribuímos à prudência o bem particular de cada indivíduo e o bem comum de todos. 

E agora?

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Edu Cirilo

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